Quando falamos em qualidade em software, este conceito de software quality, nem sempre é fácil de definir.

A qualidade encontra-se associada a características de excelência ou superioridade, resultantes de uma comparação de atributos em contexto de avaliação. 

Somos, na maioria das vezes, auxiliados pelos nossos próprios recetores sensoriais, que canalizam informação preciosa ao cérebro. É assim que decidimos se estamos perante “algo de qualidade”.

No mundo físico em que vivemos, a apreciação da “qualidade das coisas” resulta, quase sempre, em apontadores. Estes remetem-nos para “padrões de qualidade”, mais ou menos credíveis, assentes em crenças e/ou experiências passadas. 

Como avaliar a Qualidade em Software?

A grande maioria da população é hoje utilizadora e tester de software, que nos é colocado à disposição por via dos eletrodomésticos, dos smartphones, tablets, smartwatches, automóveis, computadores, etc.. e que utilizamos no nosso dia a dia de forma intensiva. Somos os primeiros a fazer comparações sobre a qualidade, usabilidade e estética dos equipamentos que temos.

Influenciadores da Qualidade

No setor automóvel, onde o software passou a ser protagonista, é comum afirmar-se que: “As marcas premium produzem automóveis de elevada qualidade”. Esta afirmação generalista baseia-se numa qualidade percecionada por diferentes utilizadores relativamente a múltiplos atributos dos veículos, incluindo o software que hoje permite o controlo da grande maioria dos componentes do automóvel.

São opiniões deste tipo que nos fazem acreditar que os automóveis destas marcas seguem rigorosos padrões de qualidade, sendo o resultado final efetivamente bom. É relativamente comum, nas avaliações que fazemos sobre a qualidade das coisas, sermos influenciados:

• pela sociedade;
• por poderosas campanhas de marketing; 
• por imagens pré-concebidas de credibilidade. 

Quem nunca fez uma avaliação baseada nestes critérios, que “atire a primeira pedra”. 

Diferentes abordagens na Avaliação da Software Quality 

O desafio coloca-se em como avaliar num mundo menos tangível, o que é “qualidade”.

Existem processos e modelos específicos que, quando aplicados no Processo de Desenvolvimento de Software, conferem uma maior garantia de qualidade ao resultado final.

No entanto, a perceção de qualidade do software depende muito do ponto de vista e das expetativas de cada grupo de intervenientes. 

… para o Utilizador

Para os utilizadores, a qualidade do software é determinada por critérios simples. Para ser classificado por este grupo como um software de qualidade, é necessário que:

• Cumpra o objetivo para o qual foi pensado;
• Mantenha um desempenho adequado;
• Tenha um design gráfico apelativo e prático do ponto de vista da usabilidade.

Se não garantir estes critérios, não tem qualidade.

… para as Equipas Técnicas

As equipas técnicas, baseiam a sua avaliação de qualidade de um software noutros critérios. Fazem-no em função:

• Da arquitetura da solução;
• Da qualidade do código;
• Dos padrões de código;
• Das boas práticas e segurança. 

Quando a produção de software não segue boas práticas, este ficará sempre associado a baixos níveis de qualidade.

…. para as Equipas de Qualidade

Por outro lado, as equipas de qualidade têm uma visão mais holística e realizam uma avaliação factual. Este tipo de avaliação é feita qualquer que seja o tipo de requisito (Funcional, Não Funcional, Técnico, de Segurança ou de UX/UI) comparando Comportamentos Esperados com Comportamentos Observados. Quando um software obtém bons resultados após ser sujeito a baterias de testes, com automação e regressão, por omissão será sempre considerado um software com qualidade.

… para as Equipas de Manutenção

Por último, as equipas de manutenção aferem a qualidade do software em função de atributos como: 

• se o código está documentado;
• se existem registos das ações (logs); 
• se a solução é fiável e estável.

Em suma, este tipo de avaliação de software verifica se a solução cumpre os requisitos que permitam a sua manutenção e evolução.

Avaliação de Software: unidade na diversidade

Tal como no nosso mundo físico, no software existem marcas, como a Apple, Google, IBM, Microsoft, entre outras, que, pela sua reputação e pela qualidade dos produtos que disponibilizam para o mercado, são consideradas “marcas premium” do setor das tecnologias de informação.

Como pudemos ver, as características valorizadas por cada grupo na avaliação de software são algo diferentes, mas nunca divergentes. No final, o software produzido terá de superar as expetativas de cada um destes grupos avaliadores para que possa ser considerado um software de qualidade.

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