João Paulo Cabecinha, Diretor Executivo da Glintt e Nexllence
Após quase um ano de pandemia, não há dúvida de que a Covid-19 teve um grande impacto no mundo dos negócios. Praticamente todas as empresas tiveram de repensar o seu modelo de negócio e organização, tendendo ainda mais para o digital e acelerando a sua transformação. Diante este novo paradigma, a figura do CIO terá maior importância em 2021 e nos próximos anos, pois será o responsável por liderar um processo de mudança que atinge a força de trabalho, a relação que mantém com os responsáveis dos negócios e até pelos serviços e produtos que oferecem aos clientes.
Diante este desafio, porém, o principal desafio que a figura do CIO enfrenta é a execução de um plano de TI, ou seja, propor uma estratégia que implique, entre outras coisas, definir as atividades que a sua equipa interna deve realizar e o que é necessário terceirizar. As vantagens e desvantagens de cada uma destas duas opções são geralmente listadas a favor de uma ou da outra com base em experiências anteriores e não tanto na análise de informações objetivas. Por norma, há até tendência em tomar decisões com base em critérios emocionais e não técnicos.
Agora mais do que nunca, é vital que revisemos esses argumentos para olhar para outros fatores que são fundamentais, como a importância de ter conhecimento especializado, potenciais riscos, medidas de controlo, flexibilidade, capacidade de resposta, segurança e privacidade de dados, diferenciação e, obviamente, custos. Estes são, sem dúvida, os desafios que todos os CIOs irão enfrentar em 2021.
Em primeiro lugar, a gestão de riscos é agora uma prioridade para qualquer organização e a diversificação de recursos e serviços é a única maneira de enfrentá-la. A chegada da pandemia Covid-19 alertou as empresas para a urgência de estabelecer planos de execução sólidos para garantir a continuidade dos negócios contra qualquer risco possível, considerando todo o ecossistema da organização. Esta é uma questão fundamental para 2021, visto que a crise da saúde demonstrou a fragilidade de alguns dos processos tradicionais de muitas empresas que tinham grande dependência da infraestrutura ou total dependência de alguns fornecedores. Agora, é fundamental para os negócios garantir que têm todas as ferramentas tecnológicas necessárias, tanto internas como externas.
Por outro lado, outro aspeto importante é o facto de a dependência tecnológica e sofisticação das organizações ter aumentado a complexidade de gestão. A resposta encontrada pela maioria dos setores para enfrentar a crise e as restrições da saúde foi fortalecer os seus investimentos em tecnologia. Segundo dados da Gartner, é esperado um investimento de mais de 85 bilhões de dólares em TI e 69% dos Conselhos de Administração preveem uma aceleração do negócio digital devido à Covid-19. Neste sentido, devido ao teletrabalho, vivemos uma crescente adoção de serviços cloud, bem como um aumento maciço da utilização de canais digitais para manter e estreitar as relações com parceiros e clientes. Neste seguimento, a transformação digital criou uma série de problemas que devem ser geridos, como por exemplo cumprir os padrões de privacidade e garantir a proteção adequada do ponto de vista da cibersegurança.
Por fim, é fundamental que o CIO consiga conciliar uma estratégia de redução de custos e investir em novas soluções. Esta realidade obrigou as equipas de tecnologia a equilibrar rapidamente os seus investimentos entre a execução do trabalho diário e o desenvolvimento de novas soluções, muitas vezes num curto período de tempo devido à dinâmica de mercado que se gerou em resposta à pandemia. A existência de uma cultura de “trabalho em equipa” entre negócios e tecnologia já não é apenas algo desejável, mas sim um requisito essencial.
Diante esta situação, surgem duas prioridades nas equipas de TI que devem condicionar as decisões do CIO. Por um lado, o acompanhamento constante das equipas comerciais para encontrar as melhores soluções tecnológicas que garantam a competitividade da empresa. Por outro lado, promover uma nova gestão de parceiros tecnológicos com o objetivo de construir um ecossistema de talentos mais amplo que inclua fabricantes, consultores, start-ups, entre outros.
Atualmente, o sucesso empresarial depende cada vez mais da capacidade das organizações atraírem os melhores talentos disponíveis no mercado e alinhá-los aos objetivos do seu negócio, com relações mais focadas a médio prazo. A criação desta rede deve ser um objetivo prioritário e deve ser construída com uma dimensão adequada às capacidades da empresa, uma vez que o número expõe a complexidade da sua gestão.
Este modelo, corretamente aplicado, pode otimizar os processos de gestão e a promoção da inovação que atualmente qualquer organização, independentemente da sua dimensão, não pode fazer isoladamente. Hoje, na execução das ações devemos estar preparados para trabalhar com diferentes equipas em diferentes localizações geográficas, algo que foi sido muito comum ao longo de 2020. O compromisso de todos só é possível se houver um propósito comum. No entanto, é fundamental assegurar uma comunicação eficaz e permanente para reforçar o sentimento de pertença e partilhar objetivos. Neste ponto, a criação de uma cultura organizacional forte é fundamental e deve ser alargada aos sócios e assimilada pelos mesmos.
Fonte: COMPUTING
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